O Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher lançou uma
ação que busca conscientizar as comunidades escolares e capacitar professores para a
abordagem no combate contra esse tipo de violência. É o portal "Ações nas Escolas",
que receberá o cadastramento de projetos para abordagem dessa temática na rede de
ensino gaúcha.
A apresentação do portal foi realizada em live, na quarta-feira (9/12), conduzida por
Rafa Rafuagi, ativista social, músico e integrante do Comitê Gaúcho Impulsor do
HeForShe, com participação do secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos,
Mauro Hauschild, e da juíza do Juizado da Violência Doméstica e Familiar de Canoas,
Fabiana Pagel.
De acordo com os participantes, como espaço de transformação social, a escola tem um
papel importantíssimo na disseminação de uma educação não violenta e no combate ao
machismo, potencializando o espaço de igualdade e equidade entre homens e mulheres.
A proposta do espaço on-line – hospedado no site da Secretaria de Justiça, Cidadania e
Direitos Humanos (SJCDH) – é o cadastro de iniciativas que trabalhem a temática da
violência doméstica e de gênero, fazendo a união desses projetos com escolas estaduais
de Porto Alegre e Região Metropolitana.
Hauschild ressaltou a importância do projeto e da participação do Comitê no
desenvolvimento e articulação de pautas com a temática da violência contra mulher. “É
daqui que irradiam essas ações para todas as esferas. Nós temos boas ideias, agora
buscamos alcançar resultados ainda melhores para essas políticas públicas”, afirmou o
secretário.
A juíza Fabiana Pagel explicou que o projeto conta com três principais frentes: a
conscientização e o treinamento de professores e profissionais da educação para a
identificação e encaminhamento de casos de violência; a possibilidade de uma linha de
contato direta entre as escolas e as redes de enfrentamento à violência; e um convite
para que a sociedade se sinta bem-vinda a participar dessas ações nas escolas.
“Eu diria que os homens não podem participar de diálogos relacionados à violência
contra a mulher, mas sim que eles devem”, enfatizou a juíza. De acordo com Fabiana,
esse padrão de gênero também gera problemas para os homens, que acabam
aprendendo a usar a violência sempre como primeira opção para lidar com qualquer
problema. “Esses temas precisam ser conversados com homens, seja afastando ou
mitigando esses padrões. A utilização de grupos reflexivos é uma ótima forma de
combate a essa violência, fazendo com que homens conversem entre si e reflitam sobre
as suas atitudes com base nesse padrão de gênero”, acrescentou.
Encerrando o debate, Hauschild falou sobre o papel dos homens nesta luta. “Esse tema
deveria ser sempre debatido entre homens, porque é com o agressor que nós temos de
conversar. Enquanto isso, a vítima deveria estar esperando de nós, homens, uma
atitude para modificar essa situação toda, quando, na verdade, são elas que estão lá na
linha de frente combatendo a violência que elas mesmas sofrem”, destacou o secretário.
O desafio, segundo Rafuagi, é fazer com que os homens se coloquem nesta posição de
reflexão e entendam como podem melhorar, por que melhorar e por onde começar. |