"O hábito é a usina da mediocridade" diz o ditado. Claro que manter bons hábitos é
importante. Todos nós temos nossas rotinas. Contudo, é a inquietação que gera as
ações de inovação. São os inquietos que mudam o mundo, o status quo. Depois de 15
anos como integrante do Movimento Brasil Competitivo (MBC), onde percorri o país
como presidente-executivo, topei o desafio, a convite do governador Eduardo Leite, de
ser secretário de Planejamento, Governança e Gestão do Rio Grande do Sul.
Nosso propósito no governo é promover uma evolução sem ruptura, que supere o
discurso da crise e recupere a esperança e a autoestima dos gaúchos. Queremos levar o
RS para um novo patamar de competitividade, tirando o Estado da era analógica rumo à
era digital, para retomar o crescimento econômico e promover o desenvolvimento social.
Mas como inovar no setor público, no qual se diz que a burocracia dos meios atravanca o
progresso? Como buscar a competitividade em um Estado em calamidade fiscal? Há 40
anos se gasta mais que se arrecada. Olhando assim, o cenário não parece nada
convidativo aos inquietos. Entretanto, vejo de forma diferente. Há muito a se fazer e
muitas oportunidades para serem exploradas no RS.
Sabemos que projetos relevantes foram iniciados em outras gestões e merecem
continuidade. Tudo isso demonstra que o RS é um ambiente propício para quem não
quer manter relacionamento estável com o problema. Sabe aquela coisa do "sempre foi
assim"? Pois bem, o momento é de "a partir de agora, vai ser diferente". E está sendo.
Realizamos a maior Reforma Administrativa da história, reconhecida nacionalmente com
o Prêmio Excelência em Competitividade, cujo impacto é estimado em R$ 18,7 bilhões
ao longo dos próximos 10 anos.
Estamos implementando ações significativas de desburocratização com o projeto
DescomplicaRS, por meio do qual eliminamos mais de 19 mil normas ultrapassadas,
facilitamos o atendimento ao público com apresentação de menos documentos,
tornamos o PPCI dos bombeiros 100% on-line e integramos mais de 95% das micro e
pequenas empresas no Rede Simples, em parceria com o Sebrae. Uma ação que é
referência para outros programas nessa área, como os desenvolvidos por Goiás e Mato
Grosso do Sul.
Outro ponto onde inovamos foi na promoção de serviços públicos digitais. Criamos a
plataforma rs.gov.br, que já oferece mais de 230 serviços digitais. Isso significa que o
cidadão resolve sua vida pelo celular ou computador, sem a necessidade de
deslocamentos.
Para médio prazo, temos no horizonte a Reforma Tributária, as privatizações das
empresas de energia (CEEE, CRM e Sulgás) e as parcerias público-privadas (PPPs), que
irão viabilizar mais de mil quilômetros de estradas concedidas. Essas iniciativas
demonstram a visão do nosso governo, que desde o primeiro dia esteve aberto à
inovação também na forma de fazer gestão, mostrando que a articulação entre o público
e o privado é possível e pode trazer inúmeros benefícios.
Claudio Gastal *
*Secretário de Planejamento, Governança e Gestão |