O surgimento do novo coronavírus impõe constantes atualizações e estudos. Sintomas
na pele já aparecem como um dos fatores para especialistas observarem no momento
do diagnóstico. O assunto ganhou importância durante a realização da 45a Jornada
Gaúcha de Dermatologia, nesta quarta-feira (30/09). O evento promovido pela
Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS (SBD-RS) ocorreu em formato digital
e chegou ao quarto dia de palestras.
A primeira parte das aulas abordou infecções sexualmente transmissíveis (IST) com o
médico dermatologista Dr. Mauro Ramos falando da recrudescência da sífilis. Ele
destacou que Porto Alegre é a capital da doença no Brasil em número de casos, além de
abordar diferenças de exames e orientações de acompanhamento. Em seguida, o médico
dermatologista ex-presidente da SBD-RS Dr. Gustavo Correa discorreu sobre a
prevenção da infecção pelo HIV, dando ênfase a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e a PrEP
(Profilaxia Pré-Exposição).
Trazendo visibilidade ao tema dos exantemas virais, farmacodermias e seus diagnósticos
diferenciais, o médico dermatologista professor da UFRGS, Dr. Renan Bonamigo, frisou a
importância de fazer uma busca na história clínica de cada caso.
“Fazer uma análise de exantema sem buscar todo o contexto da pessoa é uma perda de
tempo e de todos os recursos que o paciente pode fornecer. É preciso caracterizar a
faixa etária, ocupação, se houve exposição em viagens ou com pessoas doentes, status
imunológico, sintomatologia geral e também se há medicações regulares ou ocasionais”,
explica.
Relacionando diretamente ao assunto seguinte, Bonamigo também falou sobre os
exantemas e o novo coronavírus, relatando que 5 a 6% dos pacientes com resultado
positivo apresentaram erupções cutâneas. Na sequência, a temática de lesões cutâneas
associadas à COVID-19 foi explorada pela médica dermatologista Dra. Leticia Eidt, que
trouxe um panorama completo do que se sabe sobre essa relação, indicações de
bibliografias nacionais e internacionais e apontando outras particularidades relacionadas
à pandemia:
“Há dois detalhes para acrescentar sobre esse momento que vivemos. O primeiro é o
agravamento de dermatoses, como acne, dermatite atópica, alopecia, surto reacional
hansênico e psoríase. O outro são os achados dermatológicos por conta do uso de
equipamentos de proteção individuais. É importante reparar que esses aspectos não são
necessariamente do vírus em si, mas em decorrência da pandemia”, detalhou.
As principais manifestações cutâneas relacionados ao novo coronavírus já confirmadas
são rash, erupções maculopapulosas, urticariformes, vesiculosas, vasculites e eritema
pernio. Ela também ressalta que, por ser uma doença recente, alguns aspectos são
muito iniciais e outros achados ainda serão descritos na literatura.
Sobre os protocolos relacionados às onicomicoses, o médico dermatologista Dr. Rodrigo
Vetoratto apresentou uma espécie de guia prático à audiência, abrangendo desde a
suspeita, passando pela confirmação, repetição e interpretação de exame, até
orientações gerais de detalhamento a pacientes, escolhas de tratamento e follow up.
A médica dermatologista Dr. Vanessa Santos Cunha finalizou a noite de aulas com uma
atualização da literatura de nutracêuticos no rejuvenescimento. Ela apresentou os
alimentos em que são encontrados, seus benefícios comprovados e estudados em
relação à saúde da pele, pesquisas de destaque na área e os alertas no uso de cada um
deles.
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