O cenário provocado pela pandemia de COVID-19 é de incerteza e insatisfação para os
milhares de estudantes de Medicina no Rio Grande do Sul. Segundo a presidente do
Departamento Universitário da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS),
Kathrine Meier, a análise leva em conta dois grandes grupos: os do 1ª ao 4ª ano e o
outro referentes aos dois últimos anos da graduação de Medicina. Mesmo representando
grupos distintos, o ponto de intersecção é que ambos estão prejudicados pela falta de
habilidade das universidades em administrar um calendário acadêmico em uma situação
de crise. Além de todo esse cenário, no caso das instituições privadas, nenhuma delas se
mobilizou quanto à questão dos custos. Não houve redução nas mensalidades ou
flexibilização no pagamento.
Os alunos estão afastados das universidades desde a chegada da pandemia. Algumas
instituições adotaram o método EAD, a fim de minimizar os atrasos no calendário
acadêmico. Outras interromperam suas atividades. Nesse aspecto, segundo relato dos
estudantes, há casos bem sucedidos e outros com poucas aulas disponíveis e extenso
número de trabalhos.
“Quando nos deparamos com essa prática, fazemos dois questionamentos: até que
ponto isso realmente contribuirá para a construção do conhecimento? Essa postura é
uma medida compensatória tendo em vista que as aulas não são presenciais?”,
questiona Kathrine Meier.
Os dois últimos anos da faculdade de Medicina são referentes ao estágio do internato
que tem por objetivo integralizar todo o conhecimento e a prática médica.
“Desde a instauração da COVID-19, houve uma divisão em dois cenários: algumas
instituições mantiveram suas atividades com os internos, mesmo que em ritmo
reduzido, com escalas/rozídio para evitar aglomerações e, infelizmente, outras
coordenações simplesmente alegaram pouca infraestrutura desde EPI's até redução no
regime de atendimentos e pararam as atividades. No momento em que os internos
procuraram suas coordenações, a impressão que os alunos tiveram das suas instituições
é que a maior preocupação era o ponto de vista jurídico e não a situação desses
acadêmicos. Essa medida entristece e decepciona os acadêmicos, visto que esse tipo de
postura traduz a falta do acolhimento”, completa a presidente do DU AMRIGS.
A posição dos estudantes é, ainda, favorável à antecipação da formatura daqueles que
estão na fase final do curso.
“Seria interessante fazer a antecipação da colação de grau para aqueles que já
passaram pelas grandes áreas (pediatria, clínica médica e medicina de família e
comunidade) e que estão na fase do optativo. Concordamos que, para aqueles que não
preenchem esses critérios, ficaria arriscado antecipar a conquista do CRM. Sabemos a
importância do internato como um selador/finalizador de toda a carga horária durante a
graduação. Contudo, no cenário em que estamos, fechar os olhos e não se mobilizar
para a situação dos alunos não é correto e nem empático”, finaliza.
Fonte: PlayPress |