A superlotação de emergências pediátricas nos hospitais agrava-se ainda mais nessa
época do ano, por causa da chegada do frio e das doenças respiratórias. Para alertar
sobre esse assunto, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) deu início a
um trabalho que pretende conscientizar sobre os problemas estruturais que existem no
sistema de saúde, seja público ou privado, já que a grande maioria dos atendimentos
feitos nesses ambientes deveriam ter outro encaminhamento.
- Além da carência de serviços de emergência, identificamos a falta de informação da
população para utilizar corretamente o serviço. É preciso começar uma campanha neste
sentido, pois a busca nesses ambientes por atendimentos básicos acaba
sobrecarregando ainda mais o serviço – afirma o médico e diretor de Patrimônio da
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Sérgio Luis Amantea.
Apenas no Hospital da Criança Santo Antônio são atendidos, aproximadamente, cinco a
seis mil pacientes por mês. Como todos os serviços fazem a avaliação da gravidade
destes pacientes, 20% seriam casos de emergência. Os demais 80% não precisariam
ocupar essas vagas.
- Existem aspectos importantes relacionados a saúde. Um ambiente de emergência
superlotado não é o lugar adequado para qualquer paciente com uma enfermidade
simples. Muitos que não são casos de emergência passam a correr risco de
contaminação. A doença respiratória, nesses casos, é a principal recorrência e são
comuns casos de contaminação posterior. Por isso, é corriqueiro o paciente chegar com
uma queixa não tão grave e depois algo mais importante vir a se manifestar – completa
Amantea.
O tema foi abordado em reunião com a presença de integrantes da Secretaria Estatual
da Saúde e SPRS. O objetivo é também abordar o assunto no âmbito da secretaria
municipal de saúde. A partir de agora, o objetivo é compor uma comissão de trabalho,
com um representante de cada hospital de Porto Alegre (Hospital de Clínicas, Hospital
São Lucas da PUCRS, Hospital Conceição, Hospital da Criança Santo Antônio e Hospital
Moinhos de Vento). O projeto conta com o apoio da Associação Médica do Rio Grande do
Sul (AMRIGS), representada pelo presidente da entidade Alfredo Floro Cantalice Neto. |